
Do Movimento Maker à Educação Maker
O que é Movimento maker?
O Movimento Maker é uma extensão da cultura Faça-Você-Mesmo ou, em inglês, Do-It-Yourself (DIY).
O Movimento Maker é uma extensão da cultura Faça-Você-Mesmo ou, em inglês, Do-It-Yourself (DIY). Esta cultura moderna tem em sua base a ideia de que pessoas comuns podem construir, consertar, modificar e fabricar os mais diversos tipos de objetos e projetos.
Esse movimento se inicia por volta da década de 50 nos Estados Unidos, com o aumento do preço da mão de obra. Houve, então, a necessidade de as pessoas começarem a fazer as suas pequenas obras em casa. Os programas de televisão começaram a ensinar a fazer as coisas estimulando o DIY, e as empresas adaptaram seus materiais para comercializá-los em pequenas quantidades e com manual de instruções, dando origem às grandes cadeias de venda de produtos para bricolagem. A partir da década de 1970 o termo adquiriu uma conotação mais política, sob a liderança do movimento punk, especialmente no Reino Unido, contra a cultura conservadora e liberal “thatcherista ”. Os punks ingleses passaram a produzir sua música por si mesmo, mas também as suas roupas, cartazes etc. O movimento se apoiou também na fabricação dos próprios objetos técnicos, fazendo com que eles lhes dessem a liberdade necessária: o gravador multipista que permitia se emancipar dos estúdios de produção e a copiadora que permitia imprimir e distribuir “fanzines” escritos pelos próprios membros, sem passar por uma editora (NEVES, 2014, p 208). Assim, o DIY se tornou profundamente associado ao anarquismo e vários outros movimentos anticonsumistas, principalmente nos casos de grande e evidente rejeição à ideia de que um indivíduo deve sempre comprar de outras pessoas as coisas que deseja ou necessita.
Com o aparecimento da Internet surgiram vários sites, principalmente de vídeos, para explicar, passo a passo, quase tudo o que se possa imaginar, dando o impulso que faltava para que qualquer pessoa que deseje fazer um trabalho consiga fazê-lo. Hoje em dia, com a chegada e popularização de tecnologias de construção sofisticadas, como a impressão 3D e os microcontroladores, o Movimento Maker ganha território fértil para avançar em todo o mundo.
Veja abaixo alguns vídeos de importantes pesquisadores sobre o Movimento Maker, Neil Gershenfeld e Paulo Blikstein, além de uma reportagem do Fantástico (da emissora Globo) e ainda faça um tour (em 360 graus) em um FabLab na cidade de Santiago, no Chile.

Todos os vídeos
Todos os vídeos


Santiago MakerSpace 360° / Experiencia VR

TEDxManhattanBeach - Paulo Blikstein - One Fabrication Lab per School: the FabLab@School project

O que é um FabLab
Dynamicland
Outros espaços tão criativos quanto um FabLab: conheça o Dynamicland
Em visita à A Universidade da Califórnia em Berkeley, uma universidade pública das mais importantes e prestigiadas do mundo, soube de um lugar inusitado, chamado Dynamicland (em tradução livre: terra dinâmica).
"Um espaço comunitário e um futuro possível" é o lema do local. Se o meio dinâmico deve servir de base para novos modos de pensamento e comunicação, ele deve elevar todas as pessoas, não apenas aquelas tradicionalmente favorecidas pela tecnologia, portanto eles buscam atingir esse objetivo.
Dynamicland é um espaço comunitário, onde as pessoas de Oakland vão para “viver no futuro” e moldar o meio com todos que lá estiverem. Com um conjunto diversificado de pessoas, este espaço é um modelo para um novo tipo de instituição cívica - uma biblioteca pública para a alfabetização do século XXI.
Veja algumas das fotos e vídeos que fiz no local.
Fab Lab Livre de SP
Em São Paulo, o Movimento Maker chega à política de governo!
O FAB LAB LIVRE SP é uma rede de laboratórios públicos - espaços de criatividade, aprendizado e inovação acessíveis a todos interessados em desenvolver e construir projetos. Através de processos colaborativos de criação, compartilhamento do conhecimento, e do uso de ferramentas de fabricação digital, o FAB LAB LIVRE SP traz à população de São Paulo a possibilidade de aprender, projetar e produzir diversos tipos de objetos, e em diferentes escalas.
Os laboratórios são equipados com impressoras 3D, cortadoras a laser, plotter de recorte, fresadoras CNC, computadores com software de desenho digital CAD, equipamentos de eletrônica e robótica, e ferramentas de marcenaria e mecânica. Os FAB LABs LIVRE SP contam com uma equipe dinâmica que incentiva o aprendizado compartilhado e a criatividade através do fazer, realizando cursos e orientando o desenvolvimento de projetos.
Frutos de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia da Prefeitura Municipal de São Paulo e o Instituto de Tecnologia Social - ITS BRASIL, os FAB LABs Livre SP são abertos e acessíveis a todas as pessoas que tenham interesse em aprender, desenvolver e construir projetos coletivos ou pessoais, envolvendo tecnologia de fabricação digital, eletrônica, técnicas tradicionais e práticas artísticas.
São oferecidas oficinas, cursos e palestras, disseminando a produção do conhecimento em tecnologia, ciência, arte e inovação. Através de um processo humanizado as atividades de ensino estimulam o compartilhamento da informação e construção coletiva de ideias. Os FAB LABs LIVRE SP democratizam o acesso às novas tecnologias de fabricação digital, disponibilizando à população ferramentas tecnológicas de última geração e vivência em grupo em um ambiente colaborativo e inovador.
Ao todo são doze laboratórios que integram a Rede Publica de Laboratórios de Fabricação Digital, abrangendo todas as regiões do Município de São Paulo. A rede de laboratórios FAB LAB LIVRE SP objetiva fomentar o desenvolvimento de ideias criativas e inovadoras que beneficiam a comunidade e o surgimento de novas oportunidades profissionais.


Chegamos na Educação!
Na Educação
Tendo em vista que a convergência de produtos e ações humanas nos ciberespaços proporciona uma nova ordem de interação e compartilhamento de saberes, concordamos com Paiva (2010), que afirma:
(...) vislumbramos uma cartografia regida pelo princípio da conjunção, convergência e compartilhamento, em que ‘isto’ e ‘aquilo’ se conjugam e interagem, propiciando experiências inéditas no cotidiano e na história da cultura. É necessário entender essa nova constelação, é de ordem fenomenológica (pois traduz a natureza do próprio fenômeno tecnossocial e comunicacional) e ao mesmo tempo de ordem epistemológica (pois revela o estado avançado na arte da investigação científica sobre os processos comunicativos). (p. 20)
Para o educador e pesquisador Marc Prensky (2001), por pertencerem a essa geração, os jovens estão acostumados a obter informações de forma rápida e recorrer primeiramente a fontes digitais, como a Web, antes de procurarem em livros ou na mídia impressa. Por causa desses comportamentos e atitudes e por entender a tecnologia digital como uma linguagem, Prensky os descreve como Nativos Digitais, uma vez que “falam” a linguagem digital desde que nasceram.
Esses jovens mostram que a Educação, tal como a conhecemos, pode ser rapidamente desinteressante a eles caso ela não tenha uma relação estreita com as tecnologias e até mesmo certo modernismo com o trato das informações.
Nos Estados Unidos e na Europa, o desenvolvimento da tecnologia estimulou a cultura do “faça você mesmo” e impulsionou o crescimento do movimento maker na educação. Mesmo com menos recursos para o investimento em ferramentas tecnológicas, o movimento maker está ganhando cada vez mais espaço nas escolas brasileiras e serve como importante ferramenta para o estimulo da criatividade. Claro que a realidade financeira de muitas escolas não permite a aquisição de impressoras 3D, máquinas de corte, perfuração, entalhe ou arduíno, mas essa limitação não impede a propagação da cultura maker.
É preciso lembrar que a cultura maker não depende das criações feitas em laboratório, apenas de simples ideia de colocar a mão na massa e criar alguma coisa, aprendendo de forma mais cativante. O fato de experimentar algo na prática muda toda a percepção sobre o aprendizagem dos estudantes, que se tornam mais ativos no processo.
Especialistas em educação defendem que o ensino maker pode formar cidadãos aptos a pensar fora da caixa. “O modelo atual é muito centrado na teoria e menos na imersão do sujeito na prática”, diz o professor de Psicologia Luciano Meira, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e especialista na relação entre cultura maker e aprendizado. As secretarias municipal e estadual de Educação de São Paulo confirmam que o tema ainda não faz parte da política pública atual, apesar de já haver discussão sobre sua inclusão, mas que há professores à frente de iniciativas pontuais.
Para fortalecer o movimento maker na educação disponibilize materiais que os estudantes poderão criar e tornar reais os seus projetos, de qualquer natureza. Sugira a criação de brinquedos, jogos, trabalhos artísticos e até produtos funcionais em outras áreas. Professores de todas as disciplinas podem se envolver ao mesmo tempo com o movimento maker na educação.
Ao implantar o movimento maker na educação temos de ter sempre em mente que o foco não é a tecnologia, mas o aprendizado. A tecnologia disponibiliza excelentes ferramentas, mas o movimento maker não é dependente dela. Mesmo que a escola tenha condições de oferecer ferramentas tecnológicas, o propósito deve ser que as crianças tenham liberdade para criar, tentar, produzir e testar na prática as suas ideias.
Percebam que as Universidades de Stanford e Columbia possuem Laboratórios de Fabricação Digital voltados para o desenvolvimento de atividades e estudos sobre o tema na Educação.




RPG
Maker
Vejamos um exemplo prático de como usar o Movimento Maker na Educação:
A atividade a seguir foi desenvolvida baseada nessa cultura maker, em instituições públicas de ensino. Trata-se da criação de um jogo de RPG (Role Playing Game) para o estudo de Literatura. (Cliquem na imagens para serem direcionados à atividade.)
Em breve outros exemplos estarão aqui para discussão.
Quer saber mais?
Leiam os livros que deixamos (em pdf) com outras centenas de exemplos de atividades educacionais Maker, desenvolvidas ao redor do globo, e venham discutir e trocar experiências nos fóruns.