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Role-playing game Rocks

Para pensarmos em atividades interessantes para a Educação é preciso de ideias, e para termos boas ideias, que realmente possam cativar alunos e professores, precisamos de problemas. Vamos então ao problema que originou essa atividade.

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Em junho de 2016, indo a comunidade de Heliópolis, especificamente ao Centro Educacional Unificado - CEU Heliópolis, nos deparamos com uma questão levantada pela Biblioteca do CEU, os alunos que ali frequentavam, de diversas escolas da região, não estavam acessando os acervos de livros, mas iam a biblioteca apenas para terem acesso aos computadores com acesso à internet, em busca, na maioria, pela interação com as redes sociais.

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Dados isso, queriam desenvolver algum tipo de estratégia que fizesse com que os alunos que ali passavam pegassem os livros e os lessem. Queriam que o acervo fosse acessado pelas crianças.

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Sem ideias de como realizar tal tarefa, entramos em contato com a organização da biblioteca e propomos um jogo, um tanto quanto comum, para que por esse jogo usássemos a parceria próxima com o FabLab ali existente, e criássemos um ambiente em que a necessidade à leitura do acervo dos livros não fosse apenas estimulada, mas agradável e querida pelos alunos.

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Nasceu aí o grupo Detetives da Biblioteca, que nos meses seguintes teve como principal atividade o jogo RPG Maker.

O Role-playing game, também conhecido como RPG (em português: "jogo de interpretação de papéis" ou "jogo de representação"), é um tipo de jogo em que os jogadores assumem papéis de personagens e criam narrativas colaborativamente. O progresso de um jogo se dá de acordo com um sistema de regras predeterminado, dentro das quais os jogadores podem improvisar livremente. As escolhas dos jogadores determinam a direção que o jogo irá tomar.

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Os RPGs são tipicamente mais colaborativos e sociais do que competitivos, embora muitos deles sejam. Um jogo típico une os seus participantes em um único time que se aventura como um grupo. Um RPG ocasionalmente tem ganhadores ou perdedores. Isso o torna fundamentalmente diferente de outros jogos de tabuleiro, jogos de cartas colecionáveis, esportes, ou qualquer outro tipo de jogo. Como romances ou filmes, RPGs agradam porque eles alimentam a imaginação, sem no entanto limitar o comportamento do jogador a um enredo específico.

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Existem várias formas de RPG. A forma original, às vezes chamada de RPG de mesa (tabletop RPG em inglês), é conduzida através de discussão, enquanto que live-action RPG (LARP) os jogadores executam fisicamente suas ações de personagens. Em ambas as formas, um arranjador chamado mestre de jogo geralmente decide as regras e configurações a serem usadas, atuando como árbitro, enquanto cada um dos outros jogadores desempenha o papel de um único personagem.

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O RPG é um jogo pouco convencional quando comparamos aos jogos habituais. No teatro, você interpreta uma personagem de ficção, seguindo o enredo definido em um roteiro; já em um jogo de estratégia, você está seguindo um conjunto de regras onde, para vencer, você precisa vencer desafios impostos por seus adversários - cada partida é única, já que é impossível prever seus movimentos durante o jogo. No RPG, esses dois universos se unem.

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Como em um jogo de estratégia, há regras que o definem, e guiam aquilo que o seu personagem pode ou não fazer. A esse conjunto de regras chama-se sistema. Como no teatro, cada personagem tem uma história, e deve ser interpretado assim como fazem os atores. Diferente de um jogo de estratégia, você não luta contra um adversário específico, mas vive aventuras em um mundo imaginário. Diferente do teatro, você não segue um roteiro, mas age pelo seu personagem com liberdade de ação, limitado somente pelo conjunto de regras do sistema em questão.

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Um grupo de RPG pode ter de duas a dez pessoas, às vezes mais. Não existe um número específico, embora a maioria dos grupos tenha uma média de 4 até 6 integrantes. No RPG, existem dois tipos básicos de participantes muito bem definidos: O primeiro tipo é o jogador personagem, normalmente chamado apenas de "jogador", do Inglês "Player". Ele é quem cria um personagem fictício, seguindo as regras do sistema escolhido por seu grupo, e controlará esse mesmo personagem pelas aventuras do jogo. 

 

O segundo tipo de jogador é o narradormestre ou GM (Game Master). Será ele quem criará a história e julgará as ações de todos os personagens do jogo. O narrador normalmente não possui um personagem próprio, mas controla todos os personagens não-jogadores da aventura - que seriam os coadjuvantes da peça de teatro. Enquanto o jogador tem uma atuação assemelhada àquela de um ator de teatro, o narrador seria o diretor e roteirista, aquele que define o cenário, figurantes, ambiente e tudo mais. Por isso mesmo, o narrador é aquele que deve conhecer as regras mais profundamente, e deve ser o mais experiente do grupo, normalmente seguindo um sistema de regras pré-determinado que o ajudará com os eventuais problemas e dúvidas que venham a surgir. Apesar do narrador seguir as regras de um sistema, ele pode quebrá-las, ignorá-las ou mudá-las em prol de uma fluidez no andamento da partida, baseando-se para isso no seu bom senso. Conhecer o máximo possível sobre o sistema facilita esse processo e evita arbitrariedades.

 

Nosso objetivo na criação desse jogo em Heliópolis era buscar a leitura por trás do processo. O RPG pode ajudar a desenvolver o raciocínio lógico, crítico e inventivo para lidar com projetos mais complexos. Além disso, claro, o jogo pode ser muito proveitoso para ensinar ao alunos questões básicas de Geografia, Biologia, Literatura, Português, História, Matemática, Filosofia, Sociologia, enfim, praticamente qualquer coisa pode ser abordada e ensinada através do jogo. 

Criar um jogo com fins educacionais pode não só ser divertido como muito eficaz. Aperfeiçoar os métodos de ensino implicam em uma nova forma de se ver a educação. 


Em Heliópolis, depois de propaganda feita por aproximadamente duas semanas, tivemos 20 crianças inscritas para o jogo, variando de 7 a 13 anos e pertencentes às instituições públicas de ensino do entorno, ou no próprio, do CEU Heliópolis. Depois de fechado o grupo, tivemos dois ou três encontros para que os alunos escolhessem o nome do grupo, uma forma de escolherem sua identidade enquanto grupo, e também para explicar o que era RPG e o sistema que o jogo iria seguir.

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Escolhemos o universo Dungeons & Dragons (abreviado como D&D ) que remete à fantasia medieval desenvolvido originalmente por Gary Gygax e Dave Arneson, e publicado pela primeira vez em 1974 nos Estados Unidos pela TSR, Inc., empresa de Gary Gygax. A publicação do D&D é considerada como a origem dos RPGs modernos e foi lançada no Brasil pela Grow. 

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Jogadores de D&D criam personagens que embarcam em aventuras imaginárias em que eles enfrentam monstros, reúnem tesouros, interagem entre si e ganham pontos de experiência para se tornarem incrivelmente poderosos à medida que o jogo avança. O D&D se destaca dos wargames tradicionais por permitir que cada jogador controle um personagem específico, ao invés de um exército. Miniaturas ou marcadores em um tabuleiro quadriculado são usados ocasionalmente para representar esses personagens. O D&D também apresentou o conceito de Mestre.

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A cada semana escolhemos 4 livros para, de alguma forma, através de um personagem, enredo ou pista, participar da história que criamos para jogar com os alunos. Originalmente escolhemos a história do cartoon "Caverna do Dragão" como enredo principal dos personagens. Eles acordaram num universo fantasioso, sem saber como foram parar lá, e o intuito do grupo é retornar ao mundo real buscando um portal que faça a transição.

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A cada semana ele enfrentam um desafio, uma aventura, que pode os aproximar ou afastar do objetivo principal do grupo, de acordo com as escolhas que eles fazem no processo. Vejam algumas fotos do grupo jogando, ainda no início das atividades.

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Tínhamos dois encontros semanais, um para o jogo em si, outro para "fabricar" as peças, personagens, mapas e o que mais achássemos necessário para o jogo acontecer. Esses encontros não avançavam a história. Eram somente para fabricação, o chamado momento mão na massa. Os momentos se davam no FabLab Livre de São Paulo, CEU Heliópolis. Com os técnicos do FabLab sabendo das atividades do grupo de RPG, combinávamos oficinas que pudessem trazer conhecimento de criação, e consequentemente do Movimento Maker, aos alunos e de quebra saiam com peças prontas para as aventuras do jogo.

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Abaixo podemos ver uma das oficinas que tivemos para criação de dados. Cada criança saiu com um conjunto de 4 dados (dois D6, um D4 e um D12) fabricados por eles mesmos.

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Ainda nas primeiras oficinas tivemos a criação de baús, chaves, monstros e tesouros que tiveram participação nas primeiras fases da narrativa.

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Com a história sendo construída, era hora de construir os personagens de cada aluno. Como o sistema escolhido foi o D&D, eles fizeram pesquisas sobre as classes dos personagens e escolheram aqueles que quiseram, dando nomes, inventando histórias e narrativas das vidas que os personagens tinham vivido até aquele momento de encontro.

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A criação de personagens obedecia a quatro estações: papel / digital / madeira / impressão 3D.

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Na primeira fase os alunos desenhavam e sonhavam sobre cada personagem individualmente. Depois disso foram buscar na internet as referencias que faltavam para os personagens, e aqueles que não estavam satisfeitos com os desenhos buscavam novas figuras que representassem seus personagens.

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A gravura escolhida foi trabalhada em uma oficina do fablab, de tratamento de imagens, e depois impressa na madeira, primeiramente como um card, e depois com um suporte para que o pedaço de madeira representasse no mapa do jogo o local onde cada personagem estava.

Hiki

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ysmalon

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HIki2

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warg

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Assasins Creed, Altair

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RPG-table

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A quarta fase foi muito interessante, e aqui foi representada numa oficina feita no FabLab da Chácara do Jóckey, também pertencente ao programa municipal, que foi parceira do projeto mesmo9 com a distância. Nessa oficina para professores, criamos um jogo curto de RPG e todos desenvolveram seus personagens.

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Eles também passaram pelas fases anteriores.

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Nessa fase, escaneamos os bustos dos jogadores, e tratamos o resultado num dos programas gratuitos presentes no laboratório de fabricação, o Blender.

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Nessa oficina aprendemos a colocar armaduras, chapéus de magos, cajados, espadas e até um bico de papagaio, para um personagem específico criado por um dos participantes.

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A evolução dos personagens é algo muito importante no jogo e consequentemente essa evolução fora dele materializada em pedaços de madeira e material de impressão 3D faz com que os alunos acompanhem as aventuras dos personagens com mais afinco e muito cuidadosos com o que pode acontecer com eles na história, afinal, são criação dos próprios alunos.

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Outro ponto importante do jogo é o mapa. Assim como aconteceu com os personagens, a evolução do mapa também passo por 4 fases: papel / digital / madeira / maquete.

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A primeira fase, vista em figuras acima, foi a construção no papel do mapa do jogo. Esse mapa geralmente fica "escondido" dos jogadores, e só vai sendo descoberto à medida que eles avançam na história. Em nosso jogo, achamos interessante ter as crianças engajadas na criação desses mapas. Resolvemos abandonar essa surpresa da descoberta do mapa pela rica experiência de construção de espaços e lugares.

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Especificamente em nosso RPG, pedimos que os alunos andassem pelo CEU, e registrassem em folhas os lugares que viam. Simplesmente desenhar à mão um mapa do local que eles tanto frequentam. Depois disso, juntamos todas as informações em uma única folha, A3, para que todos sentissem que faziam parte da criação daquele mapa. Feito isso, ressignificamos os locais, dando origem à "Terra dos Homens", nome escolhido por eles para designar a região que criávamos.

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A segunda fase foi levar essa atividade de desenhar para o espaço digital. Através de um site (http://inkarnate.com/) que, gratuitamente, disponibiliza um programa de construção de mapas para RPG, recriamos digitalmente o mapa pensado e depois demos asas à imaginação.

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Vejam a seguir alguns resultados dessa oficina.

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Map (4)

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Map (5)

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Map 2

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Map (6)

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HELIOPOLIS RPG2

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A terceira fase dos mapas consiste na gravação em madeira ou papel do mapa construído digitalmente. Para fins didáticos e de jogo, é interessante colorir de alguma forma, trabalhando os diferentes terrenos, as regiôes do mapa.

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Na quarta fase vamos à construção de uma maquete que represente o mapa do jogo. Essa fase pode envolver produções 3D, mas essencialmente deve buscar outras formas de construção de maquetes, principalmente com materiais descartáveis e baratos.

HELIOPOLIS RPG

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O RPG é um jogo de representação e interpretação coletiva desenvolvendo-se no plano da imaginação. A proposta deste instrumento educacional não é competir, mas resolver, em conjunto, as situações apresentadas, através da interpretação das personagens e do sistema de regras.

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Os enredos compõem-se de um conjunto de situações-chave, denominadas nós narrativos a partir das quais a história se movimenta. O jogo merece um olhar cuidadoso por parte dos educadores devido a sua atitude dinâmica e atraente na expectativa de construção prazerosa de uma história. Os jogadores desenvolvem sua criatividade no desenrolar da história ao resolverem como os seus personagens reagem e decidem os obstáculos das histórias. O RGP é por excelência um instrumento didático de ensino/aprendizagem, que implica alterações de atitudes de professores e alunos, diante do jogo e a cada resultado, dependendo da direção da história; não é competitivo, mas é empreendedor.

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No seu feitio lúdico mora a sua maior capacidade, trazendo para a sala de aula o prazer de estudar e aprender. Estão presentes nesta ferramenta educacional a socialização, a cooperação, a criatividade, a interatividade e a interdisciplinaridade. O uso de jogos como estratégia de ensino é eficaz para a motivação dos alunos e uma influente ferramenta para o procedimento do ensino/aprendizagem.

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